Pular para o conteúdo principal

Consciência



Fantasmas da existência

As árvores formam um túnel
As folhas caem infinitas
Entre os galhos feches de luz
E o corpo está ali,

Pássaros constroem seus ninhos
Formigas em fila serpenteiam
O vento levanta grãos de areia
E o corpo está ali,

A chuva vem calma
A água condensa-se num vermelho claro
O céu escureceu
E o corpo está ali,

O sereno forma gotas
Translúcidas, lúcidas
O inverno sempre é triste
Lágrimas, lástimas...

O mês de maio passa lentamente
As noites são mais longas
Crianças brincam no jardim
E o corpo está ali,

Pessoas começam a chegar
Murmúrios, cochichos
Olhos assustados são juízes
E o corpo está ali,

Respira-se um ar fúnebre
Polícia, bombeiros, repórteres
Mentiras, teorias, humor
E o corpo está ali,

Há um vulto distante
Parado, frio, humano
No país inteiro, só uma lágrima caiu
Pelo corpo que estava ali...











Estigmas de sentinelas

Estou andando sozinho
Pra lugar algum
E quando chegar em casa
Notar todo o silêncio
Que se faz entre o caos...

Quando a tristeza chegar
Ouvir um pouco de Legião
E descansar até mais tarde
Esperar o sol se pôr
Pensando que nada é assim...

Notar aquele dia
Não como mais um
Mas como a contagem
De meus últimos minutos
Em realidade azuis...

Quando percebi em você
Um olhar tão profundo
Antecipei um gesto puro
Sentinelas ou espantalhos
Estigma ou sacramento...

O teu quarto tem cheiro de vício
Meu amor foi um engano
Sexo, drogas, dinheiro,
Nada compra uma amizade
E você me diz que tanto faz...

Estou andando sozinho
E quem não está?
Quando chegar em casa
Só quero um banho de poesia
E um porre de realidade...

Quando a tristeza chegar
Entender aquelas palavras
E mergulhar em mim
Esperar o sol nascer
Despertar de um pesadelo...

Notar mais um dia
Como o início de um fim
Tomar um café
Como tomo as horas
Em realidade azuis...

Sexo, drogas, dinheiro
Nada compra uma amizade
Dane-se o que diz o mundo
E meu amor feito de pano
Você diz que tanto faz...











Imperfeição

Veremos quem mais uma vez errou
E aquele que acertou sem querer
Aquele que repetiu o que foi dito
Por mais complexo que possa parecer,

Foi além, além do desconhecido
E nunca regressou por ser esquecido,

Vejo a morte independente da vida;
Vejo uma rua com um futuro desastre;
Vejo milhares de pessoas em abrigos;
Me deixaram lado a lado com o horror
Então decidi ficar face a face,

A sabedoria traz tristeza...

Está nas escrituras, nos pergaminhos
Nos distantes passos desses caminhos
Já mapeados em cada coração
Em cada momento, cada distração,

E nem mesmo sei 
Por que lhe digo minhas próprias imperfeições.











Imóvel

Vamos falar de nossas vidas
Das lembranças mais queridas
De mais um estigma
Vamos falar de despedida,

O que mais de bonito tenho para lhe dizer?
O que tenho mais para lhe oferecer?

Então lhe mostro a beleza
Que se esconde em seus olhos
Tão solene, cheio de purezas
Podem ver além da certeza,
Então lhe ofereço mais um verso
Não desses que serão lidos e descartados
Mas palavras que dizem o inverso
Daqueles que fingem estar ao seu lado,

Quando se sentir só
Lembre-se daquele que velou teu sono
Lembre-se daquele que aparou sua queda
Lembre-se apenas de quem somos,

Que sonhos vou compartilhar com você?
Para qual dos meus erros vou pedir perdão?

Então compartilho o meu sonho de ser feliz
Por que somos dois numa só alma
E estou tentando não me perder em mim,
Só preciso de amor, compreensão e calma,
Então peço perdão por não saber perdoar
E o que mais temo em minha vida
São os erros que ainda vou cometer
Não terá cura esse chagas, essa ferida,

Quando diz que me ama
Lembre-se que anda com quem quer me destruir
Lembre-se que deixou de confiar em mim
Lembre-se apenas que existe um fim,

Que noite vou dedicar a você?
Qual a cura que vai funcionar?

Então dedico todas as noites da minha vida
E não vou escolher uma especial
Por que assim serão todas
E criaremos um amor de metal,
Então revelo a você a minha doença
Quando estou com você me sinto bem
Mas o que tenho não tem cura
Me crucificam mas não culpo ninguém,

Me condeno por sua inocência
Me desculpo não sei pra quem...











Elo perdido

Instrumento desafinado
A voz é um sussurro
O silêncio é aliado
Da existência banal,

Da inquietude das tardes
Em domingos repetidos,
Invisíveis aos outros
Invisíveis para mim,

Eu já sei o motivo
Pelo qual estou aqui,

Aqui o tempo paira no ar
Como nuvens sem formas
Para alguém sem criatividade,

Que lugar é esse?
Só mais uma cidade
Rodeada pela insanidade
De continuar a existir,

A mente sem proteção
Gravando cenas de destruição,

Sendo cenas tão normais
A mesma ficção real
Que sempre nos cercou,

Visitantes dos novos museus
Com as mais novas antiguidades
Que revelam o porque estamos aqui,
Invisíveis aos outros
Invisíveis para mim...










                                                   

Criaturas

Descrevo a face do ódio
É feito com pedaços do céu
Tem insanidade nos olhos
Escondidos pelo véu,
É tão profundo que não há luz
Não há calor, não há vida
E essa fé que nos conduz
Não passa da mesma cruz,

Sou aquele que te faz sangrar
Sou o desejo da morte
Sou destino e sou sorte
Tenho sonhos para sonhar,
No deserto eu sou gelo
Sou espectro solar
Estou só por que quero
Então não venha me perturbar,

Dividindo a solidão humana
Existente desde os primórdios,

Dividindo a esperança, a chama
Existente em cada coração,

Sou general dos exércitos do leste
E não gosto de pessoas
Sou a malária, o chagas, a peste
Mas também sou as coisas boas,

Pássaros vieram até mim
Não são especiais, não são canoros
Mas existem, e vieram até mim
Então deixa...

Não consigo vencer os dias apenas com palavras bonitas.











The religions of men

Minha mente trabalha com tal intensidade
Que os relâmpagos e trovões
Parecem nascerem entre os pensamentos,

O que busco são simplesmente razões
São meros conceitos de outros tempos
São o que eu chamo de perfeições,

Sinto como se finalmente entendesse o amor
Sinto realmente o fim de todo o rancor
Só não sinto a alegria que todos sentem,

Entender o amor não é amar
E isso um dia vai me enganar
Como separar entendimento de sentimento?
E como tirar de mim um amor prisioneiro?

Tocar o ódio não é odiar
E isso um dia vai me enganar
Como vencer algo tão forte quanto a paixão?
Como chegar tão perto e não se entregar?

O mundo abriga a humanidade
E é aqui que a humanidade descansa
E se prepara para recomeçar,

O que busco são dilemas, ditados, lendas
São simples sentidos comuns e bonitos
São o que chamo de beleza natural,

Sinto como se finalmente esquecesse a dor
Sinto realmente o fim desse terror
Que todos um dia sentiram e temeram,

Esquecer a dor não é deixar de sofrer
E isso um dia vai me matar,

Como dormir sobre lâminas ideológicas?
E como dominar o demônio que me domina?











Humanos humanos

Tenho medo de minhas palavras
Penso em tudo que não fiz
E me esqueço...

Quando não estiver mais aqui
Lembrem se do que quis
E não se esqueçam...

Nem tudo foi consumado
Existem caminhos
E existem pessoas
Para trilhar esses caminhos,
Existe esperança
E existem crianças
Para começar diferente,
Sei que não será de repente
Que o caos vai se acalmar,
E sei que um dia a gente
Terá muito para repensar,

Somos o próprio caos
E em consequência desse mal
Nos tiram a chance de viver,
O caminho é bem mais árduo
Para quem se libertar
Mas é o caminho real,

Meus amigos descansam sem olhos
Não conseguem ver o mar de sangue
De nossos ancestrais,
Das pessoas que morreram 
Para aliviar a dor do mundo,
De quem morreu para salvar o herói
De quem um dia sacrificou-se por nós,

Vem, que as portas da realidade estão abertas 
E brilham novamente
Tentando ofuscar tais ilusões que habitam em nossos corações,

Vem que a ordem renasceu e espera seus soldados, 
Espera seus heróis
Espera humanos, com sentimentos humanos 
E razões humanas.











Vou ao vento


Às vezes vejo tudo de cima
Mas é preciso contemplar a solidão,


Às vezes não percebemos
Que a resposta está ali
Na calçada, na esquina
No poema, em uma rima,

Às vezes duvido da vida
Mas me pego com os pés no chão,

Às vezes não percebemos 
Qual a pergunta a ser dita
Que respostas necessita
Ou qual delas aceitaria...










Sonolência

Nascem assim as chamas que não queimam
O fogo que arde apenas em nossa existência
Que vem e não passa para aqueles que sonham
E que não faz parte de uma penitência,

...sou uma frase na canção
e não faço parte do refrão...

Intuição imperfeita, amor raro,
O mesmo pedido ao contrário
Palavras escritas em vermelho
Sangue atrás do espelho,

Cuidem bem de minhas criações
Não fiz nada sem sentido, sem razões
Tudo foi feito pensando nos amigos
Na família, no amor que vive comigo,

Prometo imortalizar
Aqueles que não me abandonaram
Aqueles que não sabem negar
Uma súplica, um pedido,
Prometo não me corromper
À esse mundo insano
Essa esperança de pano
Tenho força, honra, tenho um sonho,

Sou a gota de sangue
Que existe nas canções
E isso não me deixa desistir
Pois tudo que me faz bem
Levo aqui, dentro de mim.










  Claves

São os cantos ecoando
De alados na prisão...

Pássaros em redes de energia
Formam harmonias naturais
Nos avisando que mais um dia
Acordamos monstros fetais,

São as chaves que libertam
Os afetos de nossa alma
Das grades laçadas aos que estão
Envoltos em sua própria escuridão,

As melodias recriadas

Para a manipulação de sonhos
As notas inventadas
Para nos lembrar quem somos,

É verão no ocidente

Clave de sol nascente
Acordem os que ainda são puros
Pois o próximo acorde pode mudar o mundo,

Não podemos desistir

Dos que insistem em ser maus
Mas podemos repetir
A canção que traga equilíbrio ao caos,


São os cantos ecoando

De alados na prisão.









Alamedas


Profundo está o mundo lá fora
Profundo sonhar, profundo, agora
Tenho que ir para outro lugar
Ouvir novamente as águas
Que sempre mudam o falar
Pois sempre se renova
E sempre tentam buscar
Em curvas de concreto
O caminho mais correto...

Não quero ouvir os que falam
Que a esperança é inútil,

Profundo está minha mente 
O mundo anda maquinalmente
E está propício a parar,
Noites e dias se confundem
As luzes do céu estão mais fracas
E nos machuca mais,
Bem e mal me confundem
Não há mais datas especiais
Somente as profecias dos jornais,

Mais uma guerra começou
Mas dizem:
É para o bem da humanidade...

São humanos que se refugiam
Que correm em alamedas
Onde existem minas abandonadas
E restos de sonhos
Plantados no chão...

Então a humanidade desmoronou
Esqueça, ninguém vive sozinho...









Máscaras


Não, não estou sozinho, me despeço agora. Sei que não modifiquei esse mundo, mas criei o meu...  Poucos conhecem por ser muito complicado, toda cabeça é complicada demais e isso nos torna diferentes,somos a cópia exata da insegurança, somos máscaras e não queremos que seja diferente.









   Hefesto


A neblina cobre a noite como um véu
E fica esperando respostas do céu,
No monte há alguém olhando por nós
Somente ele sabe o quanto está só,

Folhas verdes caem ao tocar
Fragilidade existe nesse lugar,
As vozes vem de longe me chamar
Além do horizonte eu vou andar...

Levantem os pilares
Para sustentar o rei,
Ferido pelas lâminas 
Que eu mesmo forjei.

Beleza tem olhos e não coração
Ele tinha as armas em suas mãos,
O ódio forjado com fogo e metal
E essa vingança teve um final,

Voltou pra casa
Pra poder descansar,
Voltou pra casa
Ali era o seu lugar.











Renascimento

Antes de ir ele me ensinou a viver
A não pensar tanto no amanhã
Abrir os olhos ao que não podia ver,

Parecia loucura, mas era honra
Era feito eco que ecoa vida pura
Não vou deixar calarem a sua voz,

Das montanhas só a companhia
E das margens o contexto final
Vivendo as noites igualmente aos dias,

Tão pouco para a felicidade
Ser feliz é ter o que quer
E era pouco, tão pouco...


As vezes as lágrimas vinham ao acaso
Mas era o riso entre a fumaça
Misturado ao álcool perfumado,

Ao reunir os verdadeiros amigos
Posso te ver, conversar contigo
Pois você vive em minha memória,

Levarei teu nome para a eternidade
E as coisas simples que vivemos
Que era pouco, muito, era tudo.
















Como dormir sobre lâminas ideológicas?
E como dominar o demônio que me domina?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Concentração Até onde vai a maldade humana? Até quando vamos caminhar na lama? São as chamas que consome a carne viva É a dependência vital de sangue fresco O lançamento de toxinas em ogivas A representação do ato pitoresco, O escárnio dos olhares poderosos A indiferença às artes primordiais As crenças, seitas e ritos odiosos A individualidade das decisões finais, Até onde vai a maldade humana? Até quando vamos caminhar na lama? A moradia forçada em todo coração As fibras separadas por lâminas ideológicas O abandono de quem prometeu proteção A degradação ambiental metódica, O abuso incondicional dos inocentes Os atos milimetricamente impensados As notícias medievais recentes As correntes nos pensamentos dos cansados, Até onde vai a maldade humana? Até quando vamos caminhar na lama?
A arte de viver ¨Fragmentado o sonho antes gigantesco Visível o descaso raso e incoerente Que descuidado insiste na face maquiada Da beleza pitoresca da arte inacabada,¨ Encontrei em mim vestígios Sem realce, nem brilho, Cheio de vícios, Procurei ter uma outra visão do mundo Desacreditar de quase tudo, Busquei verdades no telejornal  Conquistei alguém especial, Procurei entender a teoria do caos Busquei provar a todos que sou normal Mas isso é como ter asas e não poder voar Sentir tanta dor e não poder chorar, É a arte de viver, é a face do querer... ¨Fragmentado o sonho antes gigantesco Visível o descaso raso e incoerente Que descuidado insiste na face maquiada Da beleza pitoresca da arte inacabada,¨
Levante e me ilumine Dói, dói muito Dói tanto que chega a amortecer E já não sinto mais nada. Não há como dividir o mesmo horizonte Já que olhamos para lados opostos E sua decisão já foi concretizada Só não quer largar as coisas que está acostumada.