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Poemas Livres


Ferramentas


Há cacos de vidro em cima do muro
Mesmo ao sol, há um lado escuro
Tudo vai se perder
Pois o que resta compartilha
Do mesmo líquido imundo...

Há ferrugem nos alicerces
A estrutura se enfraquece
Tudo vai se perder
Pois o que resta se degrada
Com a linear tendência da escada...

Nada é útil sem saber usar...

Há medo nos olhos humanos
Pois é na certeza que acontecem enganos
Tudo vai se perder
Pois é naqueles que mais confiam
Que virá as piores decepções...

Há fé nos corações confusos
Há ferramentas sem qualquer uso
Tudo vai se perder
Pois cobriram com falso véu
Os pedaços de ódio caídos do céu...

Então que se renovem os pilares
Para sustentar os nossos egos
Que se multipliquem aos milhares
Multidões de olhos cegos...

Nada é útil sem saber usar.



                                       

Ambiente hostil


O dia amanheceu e eu ainda não dormi
Pensava em tudo que se perdeu e tive medo de mim
Ao saber de tanta destruição que eu ajudei a causar
A discórdia e a ambição que dominam este lugar...

Lá vem as fábricas gigantes de metal
E vem a ordem e o caos,
Lá vem o mar invadindo o litoral
E vem o bem e o mal,

E quando a destruição já não pede permissão
É por que foi em vão o caminho em nossas mãos,

Há rostos nas pedras, há sangue nas chamas
A paz espera o fim da raça humana,

Me pergunto em meus sonhos porque o mundo não é assim
Mal sabemos onde estamos, se no início ou no fim...


...
E quando minha visão sem querer diz que não
Percebo uma estranha ilusão dominando toda a  imensidão,
E quando a escuridão alcança o coração, não, não há perdão
Nem mesmo uma razão...











Trindade


Quando os dias se tornam meses
Tudo se torna claro,
Quando envelhecemos no tempo
Tudo se torna raro,

Meus amigos estão com medo
De enfrentar o mundo
O mundo do pesadelo
O mundo do absurdo...

O universo é tão imenso
Meu coração é maior que penso,

Num lugar cheio de vaidade
Tão bonito e sem verdades,

Cada um é seu próprio mundo
Um mundo violento
E se esqueceu do amor
Que se perdeu no tempo...

Se o fogo é sobre a água
A chuva logo vem
E essa trindade fica no ar,
Procuramos analogia 
Entre o universo 
E nosso coração.





Mundo virtual


Acredito que há luz nas sombras
E que nada é todo mal,
Acredito que existem outros mundos
Diversos, extremos, reais,
Acredito nos sonhos das pessoas
E nas redes sociais,
No conhecimento, na falta dele
Perto ou longe demais,

Mas, o que vejo me incomoda
O que ouço me incomoda demais
Vou fazer o que posso...

O sol das noites é o clarear das idéias
Ontem à minutos atrás,
Lágrimas, o avesso das palavras
Isso nem sentido faz,
Em todo lado, infinitas dimensões
Perder o rumo é natural,
Na redenção aderir ao sistema
Criei meu mundo virtual.



Dançarina da luz

Castiçais

Há uma criança olhando pra mim
Há medo em seu olhar,
Essa é a história que começou pelo fim
Mas persistiu, e não quis acabar...

Faço manuscritos com gesso
Faço poesia com pedaços do tempo,

Pois você, só você pode dizer:
Dor?... Você ainda não viu nada...

Contemplou a insegurança
Desejou um abrigo sem ter
Despedaçou a esperança
E por extinto decidiu viver,
Aprendeu a perder, aprendeu a amar
Aprendeu que não se deve confiar,
Está no sangue a desilusão
Está gelado seu coração,

Seu sonho é esquecer...

Há a ausência da paz
Naqueles mesmos castiçais
Que um dia clareava um mundo
Que sempre foi tão escuro...

Levante, que a escuridão não tem peso,
Que seus olhos podem se acostumar
A vida pode ser uma nascente
E não se sabe onde pode terminar,

Levante, que a luz do sol é pra todos,
E o amor tem os braços abertos
Que ainda existe o que é certo
A sinceridade, a justiça e o correto,

Há tanta vida 
Naqueles mesmos castiçais
A cera derretida 
Num pedido de paz...







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